Namoro virtual ou esquema fraudulento? O esforço dos cibercriminosos é para que você não saiba diferenciar um do outro. Em tempos em que as relações estão mais virtuais, há golpes para todos os tipos de apaixonados. Desde aqueles que procuram a pessoa certa, nas redes sociais, até aqueles que querem envolvimento sem compromisso, em aplicativos de relacionamento.
O importante é entender o que está por trás dessas fraudes: mais do que conhecer sobre tecnologia, criminosos virtuais entendem de pessoas.
Eles sabem criar perfis falsos com histórias que convencem e atraem, para conquistar quem pretendem enganar. Eles se passam por pessoas interessadas em relacionamentos sérios ou encontros casuais, envolvem emocionalmente os usuários e conseguem acesso a dinheiro, informações pessoais e dados sensíveis.
O falso romântico
Golpes amorosos são mais sofisticados. O cibercriminoso observa as páginas das redes sociais, principalmente Instagram e Facebook, ou o perfil do site de relacionamento da vítima, hospeda um conteúdo on-line que seja de interesse e aguarda que as pessoas informem ali dados pessoais. A fraude depende 100% da interação do atacante com cada vítima especifica, utilizando técnicas de engenharia social.
Em redes sociais, como Instagram e Facebook, o cenário costuma ser o mesmo: uma conta recém-criada, sem amigos em comum, com poucas publicações, sendo a maioria delas, genéricas, fotos de selfie, sempre sozinha ou sozinho, sem outros amigos marcados nas fotos, e quase sempre sem vídeos. Fotos que são retiradas de contas legitimas de outros usuários, muitas vezes de influencers populares em outras regiões ou países. Para selecionar os alvos, os atacantes costumam observar pessoas que curtem e seguem páginas de modelos ou influencers. Essa conta falsa começa a seguir as vítimas e envia mensagens para todos os alvos puxando assunto, muitas vezes em inglês. Os que responderam são os selecionados para o golpe.
A mesma coisa acontece em aplicativos de namoro. A criação do perfil segue a mesma técnica dos perfis em redes sociais, os atacantes utilizam fotos coletadas de contas legitimas de usuários em redes sociais, utilizando nomes diferentes. Enviam curtidas para todos os alvos e após conseguirem o “match”, iniciam a conversa.
O objetivo nos dois casos é o mesmo: criar confiança por meio de interações românticas e afetivas, para então aplicar o golpe. Os 3 principais, e mais perigosos, são:
Sextortion
Neste tipo de golpe, os criminosos convencem as vítimas a enviarem fotos ou vídeos íntimos, ou a realizar videochamadas. Em seguida, há a extorsão, em que o criminoso exige uma determinada quantia para que o material não seja exposto, inclusive para seguidores e amigos da vítima.
Romance scam
Neste tipo de golpe, após criarem uma falsa relação de confiança e romance com a vítima, os criminosos inventam uma história para pedir algum valor emprestado. O falso namorado ou namorada virtual pode mentir que mora longe, até mesmo em outro país, e pede dinheiro supostamente para comprar uma passagem e ir visitar a vítima. Em outros casos, os golpistas se aproveitam da afeição e empatia, dão a desculpa de um problema na família de doença ou dívida, por exemplo, para pedir dinheiro. Após a transferência, o criminoso desaparece.
Sequestros e roubos
Neste tipo de golpe, o cenário é o mesmo dos anteriores, porém, com uma diferença: o crime não se restringe ao mundo virtual. Os criminosos marcam um encontro presencial com a vítima e a sequestram e assaltam. Dados da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) mostram que, somente em 2022, 9 em cada dez sequestros ocorridos no estado foram relacionados a golpes em aplicativos de relacionamento.
Como se proteger
Nunca responda mensagens de desconhecidos nas redes sociais, sobretudo, de perfis sem amigos em comum, e que já se aproximam com frases românticas. Alerta redobrado para perfis estrangeiros.
Analise bem o perfil antes de interagir. Avalie se o perfil é ativo a bastante tempo, se possui uma frequência constante de postagens e se tem fotos com amigos e familiares. Repare se as pessoas estão marcadas.
Lembre-se que perfis falsos, seja em redes sociais ou em aplicativos de relacionamento, utilizam fotos “printadas” de outros perfis. Isso quer dizer que as imagens têm uma qualidade inferior. Portanto, desconfie ao se deparar com um perfil com essas características.
Prefira realizar os primeiros contatos através de redes sociais, antes de fornecer o número de celular, pois, apenas com o número de celular, um criminoso pode obter diversas informações sensíveis, como nome completo, endereço, CPF, RG e outros.
Jamais passe informações pessoais, como nome dos pais, região da cidade que mora, doenças na família, informações sobre rotinas diárias etc.
Antes de sair pessoalmente com qualquer pessoa, faça uma videochamada, e caso a pessoa não aceite ligar a câmera por qualquer motivo, cancele o encontro.
Antes de sair pessoalmente, pesquise pelo nome da pessoa, encontre outras redes sociais dela, verifique se as fotos são condizentes e se são recentes.
Jamais deposite qualquer valor, compre ou pague algo, para uma pessoa que você conhece somente pela internet.
Sempre marque encontros em locais públicos, de preferência em shoppings ou restaurantes. Nunca marque encontros na rua, na sua casa, na casa da outra pessoa ou em hotéis ou motéis.
Jamais envie imagens intimas, ou faça vídeos chamadas se expondo intimamente com ninguém, mesmo com pessoas que você conhece pessoalmente.
Google Lens
Além dessas dicas, uma técnica que pode ser muito útil para identificar perfis falsos, é a utilização do Google Lens. Essa ferramenta permite procurar no Google por uma imagem específica. Assim, fica fácil identificar se as fotos do perfil de uma determinada pessoa aparece também em outros sites ou perfis de redes sociais. Caso isso ocorra podemos identificar se ele é um perfil falso, com fotos de um terceiro.