Quando pensamos que, hoje, muitas empresas, de diversos portes (grandes, médias, startups), lidam com times de segurança sobrecarregados, orçamentos enxutos ou crescimentos acelerados que exigem uma estrutura flexível de proteção, a escalabilidade se apresenta como um caminho realista. Ela pode trazer mais eficiência independente do orçamento (famoso budget) e do tamanho do negócio.
É importante dizer que a escalabilidade, no contexto de cibersegurança, vai além de simplesmente adicionar mais recursos. Trata-se de criar um ecossistema flexível e adaptável, que possa crescer ou contrair conforme as necessidades do negócio.
Uma estratégia escalável tem a capacidade de se ajustar rapidamente a mudanças, como picos sazonais de atividade (exemplos incluem a Black Friday ou grandes lançamentos de produtos), e provisionar o uso do orçamento de forma mais inteligente.
O crescimento acelerado de startups e grandes corporações exige uma arquitetura de segurança que acompanhe o ritmo sem comprometer a qualidade.
Nesse cenário, a escalabilidade não é apenas uma vantagem, mas uma necessidade estratégica.
Só que escalar segurança envolve diversos aspectos, e conectar esses pontos pode ser um quebra-cabeça que um líder talvez leve anos para resolver. A ideia neste artigo é ajudar as empresas a economizar tempo e encontrar algumas respostas mais rapidamente.
Escalar não é, necessariamente, automatizar
Quando se fala em escalabilidade, a automação frequentemente vem à mente. A automação, de fato, desempenha um papel crucial ao permitir que as empresas otimizem seus recursos internos, reduzam a margem de erro e implementem processos repetitivos de forma mais rápida e eficiente. Um estudo recente da Devo Technology, por exemplo, revelou que 100% dos profissionais de segurança entrevistados perceberam impactos positivos nos negócios graças à automação, como aumento da eficiência e ganhos financeiros.
No entanto, é importante destacar que automação e escalabilidade, ainda que interligadas, não são sinônimos. Uma empresa pode escalar suas operações de segurança contratando mais profissionais ou terceirizando serviços especializados, sem necessariamente depender de automação. O ideal, claro, é um cenário onde ambos se complementam: a escalabilidade é alcançada com o suporte da automação, criando um ambiente em que a segurança pode crescer em sintonia com o negócio.
No caminho para a escalabilidade, a escolha das soluções adequadas é determinante
Soluções como SIEM e Zero Trust são exemplos que permitem uma escalabilidade robusta. O SIEM possibilita a coleta e análise de dados em grande escala, oferecendo insights em tempo real, enquanto a abordagem de confiança zero garante que todas as conexões e acessos sejam verificados independentemente de sua origem. Isso proporciona um controle granular que pode ser expandido conforme a necessidade.
Por exemplo: imagine uma grande varejista online que enfrentava picos de acessos e transações durante eventos sazonais, como a Black Friday. Antes de implementar melhorias em sua infraestrutura de segurança, a empresa sofria com falhas operacionais e vulnerabilidades expostas, resultando em acessos indevidos e, em alguns casos, interrupções temporárias no site.
Para resolver isso, a empresa decidiu adotar um SIEM baseado na nuvem e integrá-lo a uma solução automatizada de WAF, como o Imperva. A estratégia incluiu a configuração automatizada de novas aplicações web por meio de APIs, permitindo que o DNS fosse redirecionado diretamente para a solução de WAF, garantindo proteção imediata contra ameaças críticas, como DDoS e injeções SQL.
Com o SIEM, a equipe conseguiu monitorar em tempo real as novas aplicações, direcionando via API os logs. Os novos servidores físicos já possuíam, em sua imagem, o direcionamento dos logs do sistema operacional para o centralizador no ambiente local. Já para os servidores em nuvem, eles eram automaticamente incluídos no grupo de monitoramento do SIEM.
Dessa forma, foi possível priorizar os alertas de segurança de forma eficaz, reduzindo falsos positivos e otimizando o uso de recursos internos.
O resultado dessa abordagem foi expressivo: o tempo médio de resposta a incidentes foi reduzido em 40%, e o lançamento de novas aplicações web, que antes exigia dias para passar por configurações de segurança manuais, foi acelerado em até 70%, garantindo proteção robusta desde o primeiro momento.
Outro caso prático foi o de uma startup de tecnologia em rápido crescimento, que utilizou uma combinação de Zero Trust e SASE para proteger sua infraestrutura híbrida, dobrando sua equipe em um ano sem comprometer a segurança ou aumentar os custos operacionais de forma desproporcional.
Além disso, a integração de soluções baseadas em inteligência artificial (IA) e aprendizado de máquina pode acelerar a identificação de ameaças, permitindo uma resposta rápida e eficaz. Tecnologias de segurança na nuvem, como Secure Access Service Edge (SASE), também são fundamentais para empresas que buscam uma infraestrutura flexível e escalável, capaz de proteger tanto ambientes locais quanto nuvens híbridas.
A avalição do retorno sobre o investimento (ROI) precisa anteceder a implantação de novas tecnologias. O ROI em cibersegurança não deve ser medido apenas em termos de redução de custos imediatos, mas também em termos de mitigação de riscos e preservação da reputação da empresa. Uma estratégia escalável que integra tecnologias emergentes pode, a longo prazo, gerar economia significativa ao prevenir incidentes que poderiam resultar em perdas financeiras e de confiança por parte dos clientes.
Escalabilidade em cibersegurança sob a ótica dos aspectos legais e regulatórios
Estratégias de segurança hoje precisam se adaptar rapidamente às novas leis e regulamentações. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil, por exemplo, impõe requisitos rigorosos para o tratamento e proteção de dados pessoais, exigindo que as organizações implementem medidas de segurança adequadas e escaláveis para evitar penalidades.
Tecnologias que oferecem controle detalhado e auditável, como a criptografia de dados e o monitoramento contínuo de conformidade, são essenciais para garantir que a escalabilidade da cibersegurança esteja alinhada com os requisitos regulatórios. A falta de conformidade pode não apenas resultar em multas significativas, mas também comprometer a reputação da empresa, especialmente em setores altamente regulamentados, como o financeiro e o de saúde.
A escalabilidade em cibersegurança é uma jornada contínua de adaptação e crescimento
Não se trata apenas de acompanhar o crescimento da empresa, mas de garantir que as soluções de segurança possam se ajustar de forma eficiente e econômica às mudanças nas demandas de negócios. A automação desempenha um papel vital nesse processo, mas é apenas uma parte do quebra-cabeça.
O verdadeiro desafio para os líderes de segurança é encontrar o equilíbrio certo entre automação, recursos humanos e tecnologia, para criar um ecossistema de segurança que seja não apenas escalável, mas também resiliente e sustentável. Ao final do dia, a capacidade de escalar de forma eficaz não depende exclusivamente da tecnologia, mas da visão estratégica e da habilidade de entender profundamente as necessidades da organização.